Geroarquitetura: a arquitetura voltada para pessoas com 60 anos ou mais

Envelhecer. Antes este assunto era motivo de tabu para alguns e causava medo em muitas pessoas. Agora, a preocupação não é mais sobre os anos a mais, mas sim em como ficar longevo com qualidade de vida. E nisso entra a geroarquitetura.

Afinal, o que é geroarquitetura?

Para este público que vem crescendo e mostrando que a terceira idade é realmente uma das melhores idades, os segmentos também vêm se adaptando e se estruturando. É o que acontece, por exemplo, com a arquitetura, a construção civil e o mercado imobiliário. Esses setores passaram a focar no público 60+ para trazer ainda mais qualidade de vida aos experientes e oportunidades para viver melhor.

A geroarquitetura está entre os novos conceitos e modelos de arquitetura projetados especialmente para proporcionar mais qualidade de vida durante o envelhecer. Se você ainda não conhece o termo, não se preocupe. A geroarquitetura, arquitetura pensada para pessoas com 60 anos de idade ou mais, é recente.

A flexibilidade e versatilidade da geroarquitetura

Ela não é algo pronto, projetado e executado apenas para quem já chegou à terceira idade. Este modelo de arquitetura se diferencia e se expande. Ela é flexível e versátil. Tem como finalidade acompanhar o passar dos anos e estar preparado para as devidas adaptações de acordo com as novas necessidades do morador.

É um tipo de arquitetura que introduz de forma sutil e gradual os novos elementos que fazem diferença para garantir um viver bem e fácil, mesmo com a chegada dos anos a mais e até mesmo dos problemas a mais. Não é um projeto pensando somente em saúde, mas em prevenção, em qualidade de vida, em permitir que, mesmo que as dificuldades surjam, a vida continue com as mesmas atividades rotineiras, sem que seja necessário realizar mudanças significativas dentro de casa.

De forma resumida, a geroarquitetura é a arquitetura que muda de acordo com as mudanças do morador, que se adapta segundo as necessidades e que não ocorre de um dia para o outro, mas que vai sendo introduzida e readequada conforme o processo de envelhecimento. Ou seja, é a casa que acompanha quem nela mora e está pronta para ser estruturada e reestruturada para gerar mais bem-estar, conforto e qualidade de vida.

Mas como isso é possível?

Na geroarquitetura, os arquitetos projetam uma casa com infraestrutura básica, mas que possa ser readaptada de forma fácil, simples, sem grandes alterações, obras e gastos. De acordo com Flávia Ranieri, precursora do conceito, “é uma visão inteligente de projeto”.

A arquiteta destaca ainda que a criação desta casa não precisa ter nada estereotipado, nada que remeta, por exemplo, a um hospital. Ao contrário, o projeto deve ser leve, bonito como qualquer outra proposta e precisa ter elementos que tornem o ambiente mais seguro.

Alguns aspectos são mais recorrentes na geroarquitetura. As portas e áreas de circulação devem ser mais largas. Este é um cuidado que já pensa lá na frente, para se um dia, por exemplo, o morador precisar de cadeira de rodas ou da ajuda de um enfermeiro. Outro cômodo que também é importante neste tipo de projeto é o lavabo completo para uso das visitas. Assim, o banheiro principal é exclusivo para o morador da casa, o que garante maior privacidade.

Detalhes que fazem a diferença na geroarquitetura

Regra básica: os pisos precisam ser todos antiderrapantes. No banheiro, o ideal é optar por vidro temperado laminado porque se quebrar ele fica em caquinhos que não cortam. Outra regra essencial do projeto pensado para pessoas com 60 anos ou mais é evitar degraus e desníveis. As bancadas, especialmente do banheiro, devem ter 80 centímetros para permitir que, se necessário, a cadeira de rodas entre debaixo.

As tomadas são mais altas para evitar que a pessoa tenha que se abaixar. Já os interruptores ficam um pouco mais baixos do que o comum, também pensando em quem precisa de cadeira de rodas. A geroarquitetura não pensa apenas no projeto arquitetônico, mas também em detalhes cotidianos que podem fazer a diferença para garantir mais segurança e qualidade de vida aos idosos.

Até mesmo os eletrodomésticos são pensados para facilitar a vida dos moradores. Neste caso, por exemplo, a dica é optar pelos mais simples, com menos botões e funções. Ou seja, mesmo que as adaptações sejam necessárias, o ambiente já vai estar todo preparado para receber as mudanças e, mesmo que a idade cause debilidades e desafios, a casa será um recanto de aconchego, bem-estar e de praticidade.

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